quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Perdão: Extensão da graça de Deus - Parte 2


Perdão não significa...

... A desculpa pelo pecar. Algumas pessoas ignoram os pecados cometidos contra elas, pois têm medo de enfrentar o pecador. Entretanto, a Bíblia é direta: “Tenham cuidado! Se o seu irmão pecar, repreenda-o; se ele se arrepender, perdoe” (Lucas 17:3). O perdão fala de misericórdia, mas não deverá ser confundido com a tolerância e permissão do pecado.

Devemos compreender que o perdão não é a remoção completa das consequências temporais de nosso pecado. Um assassino pode arrepender-se e procurar o perdão, mas, ainda assim, sofrerá o castigo temporal da lei humana. Mesmo se perdoado, há a possibilidade de passar o resto de sua vida em uma prisão. O perdão remove as consequências eternas do pecado.

Como perdoar?

O pecado prejudica ferozmente nossas relações interpessoais e com o Criador. A pessoa contra quem se pecou sente-se ferida, talvez irada pela injustiça cometida. O perdão é necessário para a cura espiritual da relação, mas precisamos preparar nossos corações para isso acontecer.

Mesmo se o pecador se recusar a se arrepender, não podemos nutrir a raiva, ou ela se tornará em ódio e amargura. Ainda que o pecador possa manter sua posição como transgressor por causa de sua recusa a se arrepender, seu pecado não deverá dominar o nosso estado emocional.

Ao perdoar, lembre-se que nós mesmos somos pecadores e necessitados do perdão divino (Romanos 3:23). No caso do cristão, Deus já lhe perdoou uma imensa dívida no momento do batismo.

Perdão X Culpa

Sentimento amargurando no interior do coração. Peso sobre os ombros. Talvez o pior dos sentimentos seja o sentimento de culpa. Ele não atua somente em uma parte do corpo, muito pelo contrário: atinge o ser humano em um todo.

Não há como contestar: o melhor remédio para o sentimento de culpa é o perdão. A consequência de se ter feito o que não se devia fazer tem no pecado o seu agente principal. Sem perdão não é possível ter paz.



Três chaves para vivermos sem culpas

1ª: Solte-se do seu rancor, perdoe

A oração do Pai Nosso nos diz que eu serei perdoado assim como eu perdoo. Portanto, a norma de vida é perdoar. Ofereça o perdão mesmo que você seja a parte ofendida.
Na prática, percebemos que se não abandonarmos a postura irreconciliável abriremos espaço para o rancor. Quem não soluciona o problema, o agrava ainda mais. Lembre-se disso.

É preciso mudar a maneira como nós vemos as pessoas. Bill Hybels definiu: “Você jamais olhou nos olhos de uma pessoa que não era importante para Deus. Até quando se olha no espelho. Quando entender isso começará a tratar as pessoas de um modo diferente”.

2ª: Liberte-se da consciência culpada

Deus não minimiza o pecado, ele perdoa. Porém, em algumas situações permanecemos com o sentimento de culpa. Duas maneiras de lidarmos com isso, a seu critério:

a) Fuga: Judas recorreu a isso. Martirizou-se, uma auto-condenação.
b) Confessar a Deus: Essa foi a saída encontrada por Pedro depois de ter negado a Jesus. Buscou o perdão.

3ª: Deixe seu lamento para trás. Adore a Deus!

O sofrimento é um companheiro inevitável. Todos nós passamos por perdas durante a vida. Ao nascer, por exemplo, perdemos o calor do útero materno, o cordão umbilical que nos alimenta e entramos em uma nova jornada. Não se lastime.

“Não é errado lamentar-se: Bem-aventurado os que choram” (Mateus 5:4).

Quando lastimamos algo, nos isolamos. Ao invés de pontes, armamos barreiras. A melhor terapia para um coração quebrado é o diálogo com Deus.

A capacidade de perdoar se adquire com exercício diário

Ofertar o perdão ao próximo pode não parecer uma tarefa simples. Para muitos, essa barreira cresce desordenadamente dentro do coração.

Jesus nos deixou a receita pronta: “Eu, porém vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai Celeste, porque Ele faz nascer o seu sol sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?” (Mt 5.44-46).

Ao oferecermos o perdão, aniquilamos todo o projeto do inimigo. As muralhas caem por terra, e Deus tem carta branca para agir na vida daquele que luta para ter um coração limpo.

A capacidade de perdoar se adquire com exercício diário. A misericórdia do Senhor se renova a cada manhã, permitindo-nos viver em plenitude. Deus quer que também sejamos misericordiosos. O Senhor está sempre disposto a perdoar as ofensas e os pecados.

A falta de perdão leva o homem à prisão espiritual. Sendo assim, perdemos a liberdade de adorar, de viver em alegria. Deixemos de lado o ressentimento, o rancor e o ódio. A ausência do perdão pode trazer doenças à alma e ao corpo físico.

Certa vez, um médico-cirurgião do Hospital do Câncer do Rio de Janeiro afirmou que todos os seus pacientes cancerosos tinham um histórico de amargura. Portanto, o perdão sempre abre as portas do coração de Deus para o homem.

“Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde; tu não rejeitarás um coração humilde e obediente” (Salmos 51:17).

O melhor presente para este Natal está ao seu alcance: perdoe!

* Este texto contou com a colaboração do Pr. Rafael Rossi, da União Central Brasileira (UCB)

Matéria de capa da edição 35 da Revista Mais Destaque

www.maisdestaque.com.br

Tadeu L. Inácio