terça-feira, 22 de novembro de 2011

Entre tapas e beijos


O que fazer quando o ciúme entre irmãos atinge o lar de uma família? Algumas características e motivos em comum podem ajudar os pais nessa difícil missão

Inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade no amor ou em outra aspiração, vigilância ansiosa, ressentimento invejoso contra um (suposto) rival ou mais eficiente. Enfim, muitos são os significados contidos no dicionário para descrever a palavra ciúme. Depois dessa pequena explanação já fica claro e evidente o perigo que essa “inquietação” pode causar nas mais variadas formas de relacionamento. Agora, quão difícil fica se isso ocorrer entre irmãos, sobretudo crianças? Dor de cabeça aos pais...

Especialistas são enfáticos ao afirmarem que esse sentimento geralmente se inicia por volta dos quatro anos de idade, fase em que a criança começa a ter percepção do irmão como rival. Não se trata de uma ideia fixa (afinal, cada caso tem suas particularidades), mas é especialmente nessa faixa etária que o sentimento vem à tona. Um bom motivo para que essa competição exista e aconteça entre os irmãos, segundo estudos, é a busca para se conseguir o carinho e a atenção dos pais. Para eles, o ato de dividir contém uma grande dificuldade.

Teresa Artola González, doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madri (ESP), abordou o tema em seu livro "Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 0 a 6 anos". Para ela, a origem dos ciúmes pode, em alguns casos, se situar nos sentimentos de insegurança e inadaptação da criança. “Estes sentimentos de insegurança costumam ser conseqüência de ter se sentido recusado ou ridicularizado na infância ou de uma educação excessivamente negativa baseada no repúdio e na crítica severa por parte dos pais”, diz.

A rivalidade criada entre os irmãos para conseguir o carinho e a atenção dos pais é a causa mais frequente desse problema, principalmente se houver o nascimento de um novo irmão. Diante dessa situação, a criança passa a se sentir abandonada. Sentimentos de culpa e baixa autoestima.

O cenário também pode ocorrer na situação inversa, do irmão menor para o maior. Isto ocorre quando o mais novo vê em seu irmão um "teto impossível de rebaixar", como define Tereza. Ou seja, um “rival” que sempre faz tudo melhor que ele e que goza de certos "privilégios" (não concedidos a ele). “Os favoritismos e preferências que os pais manifestam, inconsciente, por um dos filhos pode dar origem a sentimentos de ciúme nos outro irmão”, alerta a autora.


A importância do diálogo

Mas, se você passa por isso em sua casa, não se sinta como um soldado solitário em meio à guerra. Estudiosos do assunto esclarecem que o ciúme é um sentimento que ocorre em todas as famílias, e uma das formas de lidar com ele é mostrando à criança que o irmão não chegou para dividir o lugar, e que ela continuará sendo amada e tendo o seu espaço na família.

Se porventura o ciúme seja expresso na prática, não existe outra saída a não ser sentar e tratar sobre a situação abertamente, sem rodeios. Toda a convivência entre os irmãos recebe grande influência dos pais. Alguns especialistas dão dicas de como lidar com essa situação:

• Amor, afeto e carinho não devem ser expressos somente por meio de palavras, mas também com atitude;
• Destaque as qualidades da criança, uma vez que é essencial para a autoestima;
• Evidencie para a criança a importância que ela tem na família;
• Não a compare com o outro irmão.

Amor e ódio

Através dos ciúmes, a criança reclama a ausência de atenção das pessoas cujo afeto teme ter perdido. A Psicologia apresenta uma série de condutas características:

- Condutas regressivas: Voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo ou não querer comer sozinha;
- Irritação, nervosismo e agressividade: Essa agressividade invejosa costuma se manifestar na obstinação, como oposição sistemática. Ela constitui uma grande arma para atrair a atenção dos adultos;
- Sentimentos contraditórios: Uma mistura de amor e ódio para com o (novo) irmão. Por um lado lhe quer bem, mas por outro experimenta uma grande agressividade;
- Agressividade dissimulada: Às vezes, a criança ignora o irmão ou nega sua presença.

Em outras ocasiões, pode mostrar condutas hostis e agressivas ou muito carinhosas. Enfim, os ciúmes podem se manifestar de formas mais dissimuladas. Atenção nunca é demais. “Em geral, quanto mais afetuosos se mostram os pais com seus filhos, menos perigos correm de que se tornem ciumentos. Se todas as crianças da família estão satisfeitas pelo afeto recebido dos pais, não terão a inclinação a sentir ciúmes”, relata Tereza.

“Identifique e destaque as características positivas de cada filho” Andreia Tonão, psicóloga

-Durante a rotina familiar, que situações podem contribuir para que o ciúme ocorra entre os irmãos?

Existem várias situações. Dentre elas, a vinda não muito bem aceita ou esclarecida de um irmãozinho. Isso pode acarretar algumas mudanças, como de quarto, de escola e até mesmo, infelizmente, a falta de diálogo, já que os pais passam a direcionar maior atenção e cuidado ao bebê. A situação também pode ocorrer inversamente, do filho menor para com o maior.

-Como a criação, sobretudo dos pais, pode colaborar nesses casos?

As atitudes tomadas pelos pais têm grande importância para que o ciúme passe a existir. É necessário habilidade e equilíbrio nos elogios e estímulos. O ideal é reservar tempo para cada filho e realizar programas, tanto juntos como separados. A criança precisa entender que é querida e amada.

-Que outras pessoas podem colaborar nesse processo?

Em alguns casos, o processo é coletivo, já que envolve pais, avós e demais familiares. Eles costumam participar diretamente do convívio familiar. Evite dar atenção somente ao filho mais novo e as famosas comparações. Priorize identificar e destacar as características positivas de cada filho.

-Como identificar que o quadro necessita da atuação de um psicólogo?

Quando a criança começa a praticar algumas condutas regressivas, como voltar a fazer xixi na cama, não querer comer sozinha, excesso de linguagem infantil, a se mostrar irritada e agressiva. Ou seja, se os ciúmes passar a impedir a relação social entre os irmãos é necessária a avaliação de um profissional.

-De que forma a Psicologia atua nesses casos?

Ela trabalha principalmente com a autoestima e a autoimagem para que a criança perceba que também é importante e especial.

-Como funciona o tratamento?


Em casos mais leves, pode ser realizado através da ajuda dos familiares, do diálogo, compreensão e demonstração de carinho. Outras situações exigem encaminhamento ao psicólogo.

Tadeu Inácio
Texto publicado na edição 41 da Revista Mais Destaque

www.maisdestaque.com.br

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Atletas de final de semana na medida certa



Diversão, socialização e contato com a natureza. Muitos são os atributos quando falamos de atividades físicas. Porém, a história não é tão bonita como se parece. Rotina profissional, familiar e o avanço tecnológico. Muitas pessoas alegam não ter tempo para se exercitarem. Sendo assim, reservam os finais de semana para tal, achando que podem perder aquela gordurinha localizada ou melhorar o condicionamento físico de forma segura e eficiente. Ledo engano. Para atingir esse nível, é importante se exercitar regularmente.

O cenário não muda muito quando falamos em sedentarismo. Ao longo da semana, alimentação rica em calorias, excesso de trabalho, horas em frente ao computador e nada de exercícios físicos. Chega o final de semana e, de repente, o desejo de compensar em algumas horas do dia todos os maus hábitos acumulados. Aí mora o perigo. A inocente pelada com os amigos ou uma despretensiosa corrida no parque pode causar desde uma incômoda contusão muscular até, em casos mais graves, lesões na coluna ou um infarto.


Especialistas são diretos em alertar sobre o perigoso adquirir esse comportamento. Quando se é jovem, raramente os efeitos são sentidos, mas depois dos 35 anos a situação passa a mudar de figura. Exercícios de alta intensidade e sobrecarga podem representar futuras lesões, além de não melhorar em nada o condicionamento físico. O corpo despreparado à prática esportiva sofre. Por isso, antes de iniciar as atividades, faça uma avaliação médica.

Para maiores esclarecimentos sobre o assunto, conversamos com o cardiologista do Hospital Adventista de São Paulo (HASP), Everton Padilha, que avisa: “Não seja um paciente dolorido da segunda-feira.”

Quais os principais cuidados que um atleta de final de semana deve tomar?

Moderação e cautela são essenciais nesse caso. Alongue os grupos musculares de braços, pernas e tronco antes de qualquer atividade. Aqueça-se com uma caminhada de pelo menos 20 minutos. A atividade deve ser recreativa, nada de “tirar o atraso”.

Quais os problemas mais comuns que essas pessoas sofrem?

O mais comum é o aparecimento de cãibras e dores musculares leves. Entretanto, lesões musculares e de ligamentos também são comuns. A musculatura pode sofrer estresse maior do que está acostumada a receber ou não se encontrar alongada de maneira suficiente. Mesma situação para os tendões e ligamentos.

E sobre a alimentação mais adequada?

Aguarde pelo menos uma hora depois de comer para iniciar a atividade, sem exagero; evite refrigerantes, gordura ou frituras; ingira líquidos em boa quantidade para combater a desidratação; use roupas leves; e, logicamente, evite bebidas alcoólicas e o cigarro.

Quais exames são necessários antes de praticarmos certas atividades físicas?

Preferencialmente, passe por uma avaliação com o educador físico e com o médico. Às pessoas acima dos 40 anos, é importante consultar um cardiologista. Normalmente, além do exame clínico, a realização de um teste ergométrico (esteira sob supervisão médica) é essencial para verificar se a pessoa tem a tendência para problemas de angina, arritmias ou hipertensão.

Tadeu Inácio
Texto publicado na edição 40 da Revista Mais Destaque
@maisdestaque