terça-feira, 22 de maio de 2012

Eficácia na Equoterapia

Exercícios com cavalos colaboram no desenvolvimento de pessoas com mobilidade reduzida

Depois de sofrer alguma grave lesão, o ser humano passa a buscar por alternativas eficazes na busca de uma reabilitação plena. Muitos são os tratamentos disponíveis – cada qual com uma finalidade, variando de caso a caso. Entre eles, existe a equoterapia (nome dado ao tipo de exercício realizado por meio da interação com o cavalo), que permite ações regenerativas que percorrem a coluna através da medula espinhal, chegando ao sistema nervoso central (SNC) e buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e necessidades especiais.

Terapêutico e educacional, este método - que também pode ser chamado de equitação terapêutica - visa o desenvolvimento físico, psicológico e social. Ele emprega o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais, exigindo a participação do corpo inteiro, de todos os músculos e articulações. Um dos aspectos mais importantes neste tratamento é que é possível conscientizar os pacientes de suas capacidades e não de suas incapacidades, trabalhando o deficiente como um todo, tanto pelo lado psíquico como pelo somático.

Segundo especialistas, durante o deslocamento do animal, a pessoa que realiza o exercício recebe de 1800 a 2200 estímulos cerebrais e ajustes tônicos (movimentos automáticos de adaptação do praticante ao movimento feito pelo cavalo). “No SNC, os neurônios se unem e geram novas células nervosas. Elas passarão a servir como uma ‘ponte’ na realização de uma determinada atividade motora dificultada por uma lesão cerebral”, esclarece a fisioterapeuta Letícia Junqueira, do Jockey Club de São Paulo (Espaço Letícia Junqueira).

A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, o ato de montar e o manuseio final, desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima. Segundo texto publicado no site da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), “esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio.”

Semelhanças na forma de andar
O cavalo é utilizado como recurso terapêutico. Seu movimento rítmico, preciso e tridimensional pode ser comparado com a ação da pelve humana no andar: para direita e para esquerda, para cima e para baixo e para frente e para trás, tudo simultaneamente.

Isso permite a todo instante entradas sensoriais em forma de propriocepção profunda, estimulação vestibular, olfativa, visual e auditiva.

Fonte: Saúde Vida Online


Benefícios e projeto de lei

Muitos são os benefícios adquiridos pelo paciente por meio deste tratamento. Porém, ele deve ser encarado quase sempre como uma terapia complementar, o que não elimina a necessidade de outros tratamentos, como o fonoaudiológico, o fisioterapêutico e o psicoterapêutico, entre outros. A evolução de cada paciente é sempre individual, mas quase sempre, inclusive por conta dos aspectos motivacionais, os resultados aparecem já nos primeiros meses de atendimento.

Há alguns anos o projeto de lei que inseri o programa de equoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) tramita no Congresso Nacional. Vandete Lima, coordenadora de centros e filiação da ANDE-BRASIL, afirmou que o projeto de lei continua caminhando nas comissões. “Ele ainda depende de aprovação para ser regulamentado. Desta forma, ainda não existe o tratamento pelo SUS, porém existem municípios que financiam projetos através de dinheiro do SUS, mas são situações isoladas”, informou.

Três fases do tratamento

Hipoterapia: o praticante não consegue montar sozinho no dorso do animal. Logo, necessita de um terapeuta para ajudá-lo nas atividades direcionadas ao seu tipo de tratamento;

Educação/Reedução: nesta fase, o praticante já consegue efetuar exercícios sozinho e até conduz o animal, necessitando às vezes do condutor na lateral. Os profissionais mais indicados para trabalhar nesta segunda fase é o pedagogo, psicólogo, educação física etc;

Pré-esportivo: neste momento, o praticante já consegue realizar alguns exercícios de hipismo sozinho.

Fonte: equoterapianet.com.br


Crescente demanda

“Em função da eficiência dos seus resultados, a equoterapia vem atraindo cada vez mais a atenção da comunidade técnico-científica. É crescente a demanda por acesso a esse método terapêutico (aprovado pelo Conselho Federal de Medicina - CFM)”, informa o site da ANDE. Sendo assim, a atividade equoterápica vem se constituindo em um vasto e atraente campo de trabalho para profissionais das áreas de saúde, educação e equitação. Cursos e eventos proliferam por todo o país.

Ainda segundo a instituição, “o resultado de todo este cenário é a grande responsabilidade na conjugação de esforços que objetivam manter a integridade do método terapêutico dentro de princípios técnicos-cíentífico, éticos e sociais; capacitar de forma adequada os profissionais que atuarão nos centros filiados; e evitar que o modismo e o aparente lucro fácil, desvirtue tão eficaz método terapêutico e educacional.”

A origem

Embora identificada como método terapêutico na década de 60, a equoterapia tem antecedentes mais distantes. Hipócrates, em 377 a.C., no livro "Das Dietas", já reconhecia a equitação como uma atividade de regeneração à saúde. Contudo, apenas séculos depois é que pesquisadores na França admitiram os benefícios da equitação e incluíram o assunto nos meios acadêmicos.

Desde 1969, a Associação Americana de Hipoterapia para Deficientes (NARHA) vem divulgando na América do Norte o método, que, na Europa, é conhecido há mais de 20 anos. No Brasil, o tratamento tomou maior impulso a partir dos anos 70, quando foi criada a ANDE. A Equoterapia foi reconhecida como método terapêutico em 1997 pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitacional e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Tadeu Inácio
*Texto publicado na edição 44 da Revista @maisdestaque

segunda-feira, 7 de maio de 2012

De malas prontas

O Intercâmbio Estudantil oferece ricas experiências de vida aliadas ao crescimento e amadurecimento pessoal


Unir o útil ao agradável. Conhecer novas culturas, ampliar o conhecimento pessoal, amadurecer em vários aspectos, firmar novas amizades, aprender um novo idioma para fortalecer o lado profissional e abrir novos horizontes. Poderíamos citar outros tantos pontos positivos para ratificar a importância e os benefícios trazidos por meio do intercâmbio estudantil ou universitário. O termo é usado para descrever a experiência de pessoas que vão estudar por um determinado período em outro país. Prepare suas malas e embarque nessa. Com bom planejamento e decisões corretas, a viagem pode valer (e muito!) a pena.

Cada continente apresenta suas peculiaridades, pontos positivos e negativos. Não existe o lugar ideal. Cada pessoa, de acordo com o seu desejo e necessidade, tem o seu. Existente desde a década de 20 do século passado, o intercâmbio cresceu em número de adesão após o término da 2ª Guerra Mundial (em meados de 1945), quando os países europeus envolvidos no conflito passaram por uma completa reestruturação física e econômica. Para se ter uma ideia, o Reino Unido, por exemplo, proporciona essa “troca de culturas” há mais de 90 anos.

Programas de intercâmbio, nas mais diversas modalidades, oferecem oportunidades de aprendizagem nas Américas (do Norte, Central e do Sul), Europa, África, Ásia e Oceania, continentes onde os respectivos países também adotam esse modelo de troca de experiências. Milhares de estudantes saem anualmente do país, e grande parte deles aprova a ação. Seguindo este raciocínio, Rubens Silva, diretor do Instituto Tecnológico Superior Adventista do Equador e do Colégio Adventista do Equador (ITSAE-CADE) destaca três pontos importantes em todo esse processo de franco aprendizado. “A ajuda mútua é fundamental em um ambiente novo. Como pontos positivos, destaco o crescimento pessoal, o conhecimento de novas geografias e fauna, além da ampliação do círculo de amizade com pessoas de outros países”, declara.

Contudo, um dos principais atrativos dessas viagens está na oportunidade de adquirir fluência em determinado idioma, sobretudo inglês e espanhol (segundo recentes pesquisas, os mais procurados). EUA, Canadá, Inglaterra e Austrália estão entre os destinos mais procurados quando existe a busca pelo idioma inglês.

“O intercâmbio cultural e linguístico significa a possibilidade de os alunos aprenderem e compreenderem, de fato, o que significa ser um cidadão do mundo. Trata-se de uma experiência única, ligada à oportunidade de voltar ao Brasil com uma bagagem incrível: um novo idioma, muitas histórias, novos amigos, entre outros conceitos”, afirma Rafael Cabral, administrador geral da Life Intercâmbios, uma das operadoras que mais levam alunos do Brasil para o exterior em nível secundário (aproximadamente dois mil a cada ano).


Rotina e cinco pontos de atenção antes da escolha
“A rotina de um jovem durante o intercâmbio é intensa e muito dinâmica. Cada dia é um novo aprendizado e, pouco a pouco, a adaptação vai se tornando natural. Essa necessidade de adaptar-se exige aplicação e concentração nas obrigações e prioridades, o que desenvolve muito o senso de responsabilidade”, destaca Rubens.

Muitas pessoas pensam com carinho na ideia de sair por um determinado momento do Brasil. A saudade da família, do clima e do tempero da mamãe no feijão fresquinho pode dificultar, ser um empecilho. Mas os cuidados antes da escolha vão além disso. Itens como segurança e atenção com a documentação necessitam de cuidado antes de qualquer escolha. O diretor do ITSAE-CADE enumera alguns pontos:

1. Segurança: O espírito de aventura é algo inerente aos jovens. Entretanto, deve-se considerar a segurança do país onde você deseja estar;

2. Documentação: Não sair se a documentação (passaporte, por exemplo) não estiver em ordem. Em outro país somos normalmente desconsiderados;

3. Economia: A segurança econômica e a possibilidade de se manter financeiramente são fatores fundamentais na escolha de um país para viver;

4. Planejamento: Sair apenas para aventura é agradável, porém, é necessário analisar o retorno profissional e pessoal que essa experiência trará;

5. Solidariedade: Levar na bagagem a disposição de servir. Sempre há muito a fazer para ajudar alguém, não importa a bandeira e tampouco o idioma.

Agências de viagens que oferecem esse serviço estão espalhadas por todo o Brasil. Na maioria dos casos, elas, inclusive, oferecem orientações inerentes a esse processo, como informações do país, obtenção de visto, documentação necessária e perfil traçado (entrevistas com consulados).

Em relação à hospedagem, ficar na casa de uma família local é tradição do intercâmbio. No entanto, você também pode negociar com a agência e se instalar em uma pousada, albergue ou hotel. Seu perfil também servirá para que avaliem com quais famílias você se adaptará melhor dentro da cidade que escolher. Experiências para vida toda.

“No intercâmbio da Educação Adventista, por exemplo, o aluno acorda cedo, tem seu desjejum balanceado, participa de um momento devocional em inglês, assiste às aulas tendo feito uma avaliação inicial para estudar em um nível adequado. Há saídas para conhecer toda a diversidade cultural e compras”, revela a professora Margarida Serpa, do Colégio Adventista da Liberdade. No retorno, os estudantes praticam esportes e atividades interativas com alunos nativos ou de outros países. Para se ter uma ideia, só no ano passado, 150 alunos da Associação Paulistana (AP) participaram do intercâmbio para Londres. No Brasil, segundo dados da direção da AP, esse número se aproxima dos 1,5 mil anualmente.

Com foco no mercado cultural e pensando nessa crescente demanda, todas as tendências e novidades do setor são discutidas em diversos eventos em muitas cidades ao redor do planeta. Como ocorre, por exemplo, no Salão do Estudante, a maior feira de intercâmbio e cursos no exterior da América Latina, que já se tornou uma referência em nível nacional. Existe, por sinal, muita preocupação das autoridades em melhorar cada vez mais o nível das viagens.

Roteiro inverso. Destino: Brasil
País acolhedor. Existe também o sentido inverso, onde estudantes de outros países vem ao Brasil para fazer intercâmbio. A Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil (ABIPE) atua com programas destinados a estudantes estrangeiros interessados em vir ao Brasil com propósitos de intercâmbio cultural: estágios, trabalhos voluntários, estadia em casa de família brasileira, realização de um semestre do colegial em escola brasileira ou aprender português. Segundo a gerente executiva Paula Prado, “o programa mais procurado é o de estágios, sem dúvida alguma.”

Anualmente, a instituição traz aproximadamente 450 estudantes das mais variadas nacionalidades para estagiar em empresas ou laboratórios e centros de pesquisas de universidades brasileiras. “Trabalhamos em parceria com os cinco continentes, mas a maior parte dos estrangeiros que nos procuram é da Europa, tem em média 24 anos e buscam experiências de até seis meses que proporcionem um contato mais próximo com a cultura e o povo brasileiro, além de aprendizado em assunto ligado a sua área de interesse profissional”, afirma Paula.

Planeje, arrume as malas e esteja pronto para conhecer novas culturas, paisagens e pessoas.

Texto de minha autoria publicado na edição 44 (mai/jun) da Revista Mais Destaque (@maisdestaque)