quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O próximo passo


Como a Orientação Profissional colabora para o jovem ficar mais próxima da opção correta

Assumir riscos. Pensar, analisar e refletir sobre variados aspectos - pontos positivos e negativos - antes de definir o melhor caminho a seguir. Nem sempre alcançamos tal decisão de maneira rápida e segura, mas é preciso ir adiante e se capacitar devidamente para enfrentar a situação de frente, com segurança. O ritmo acelerado do cenário profissional exige e, cada vez mais cedo, os adolescentes precisam tomar decisões e escolher a futura profissão. A preparação começa no final do Ensino Fundamental e se estende até o terceiro ano do Ensino Médio.

O mercado de trabalho oferece inúmeras possibilidades, variados caminhos a seguir. Proporcional às possibilidades são as dúvidas que surgem nas mentes dos jovens. Aquele friozinho na barriga, a angústia, é inerente a esse processo de escolha, pois ao optar por algo, estamos necessariamente abrindo mão de outra(s) possibilidade(s) com potencial de realidade. Escolher faz parte do nosso dia a dia. Isso ocorre até mesmo quando deixamos de escolher ou repassamos essa responsabilidade a outrem. Consciente ou inconscientemente, optamos o tempo todo.

Quem somos? O que queremos? O que sentimos? Ter na ponta da língua as respostas dessas três perguntas é um passo mais do que fundamental para alcançar o desejo possuir uma vida profissional convicta, mais próxima do sucesso. Ainda mais quando se tem aproximadamente 200 cursos universitários no País (como noticiou o Guia do Estudante). Há um consenso entre os especialistas da área da Psicologia e da Educação de que quando fazemos escolhas conscientemente, mais capacitado, temos maior chance de acertar.

Ou seja, a Orientação Profissional auxilia o jovem no processo de escolha da futura profissão, permitindo que ele faça uma opção condizente com seus valores, desejos e objetivos em prol do seu projeto de vida. Esse processo ajuda o jovem a construir um projeto de vida, através do autoconhecimento e do conhecimento das diversas profissões.

Capacidade de decisão

Wesley Zukowski, pastor do Instituto Adventista Brasil Central (IABC), e Alex Landim, diretor de Marketing do Instituto Adventista Paranaense (IAP), falam a respeito da importância desse processo de orientação.

1 – Como isso ocorre nas instituições em que vocês atuam?
Wesley: Mantemos um programa de testes vocacionais amplo, que proporciona condições de os alunos avaliarem suas habilidades e potencial para, então, decidir em que área profissional seguir em busca da plena realização.
Alex: O IAP trabalha com projetos que despertam desde cedo nos alunos o interesse por conhecer melhor a profissão. Convidamos alguns pais, representantes da comunidade ou um grupo de profissionais para virem à escola com o intuito de compartilhar experiências e esclarecer dúvidas.

2 - De que forma essa orientação colabora com os alunos?
Wesley: Levando-os a se conhecerem melhor, inclusive o nível de ambição, ritmo de trabalho e habilidades sociais, psíquicas e motoras. Assim, o aluno terá mais suporte para identificar se a área escolhida é mais voltada para serviços manuais, relacionamentos, liderança ou até se ela não exige muita socialização.
Alex: Os alunos passam a analisar melhor suas áreas de interesses, aptidões específicas e gerais. Esse processo revela tendências e habilidades em área de trabalho. O objetivo da Orientação Vocacional é associar esses campos e sugerir caminhos ou tendências profissionais, que possam estar mais próximas das possibilidades, capacidades e interesses do educando.

Pais, nada de pressionar

Que os pais desejam o sucesso profissional de seus filhos não é segredo pra ninguém. Mas a boa intenção, aquela reconhecida preocupação, pode se transformar em empecilho, pressão exacerbada sobre os filhos. Quando isso ocorre é muito importante dialogar. A preocupação dos pais deve ser direcionada para que o filho consiga identificar a profissão ideal para o seu perfil. Gostar do que se faz é um fator muito importante para o sucesso.

A psicóloga Adriana Alves acredita que “uma boa dica é que os pais dividam suas experiências de vida e de escolha profissional. Por sua vez, os filhos podem dividir seus sonhos, projetos e dúvidas. O importante é a troca de pensamentos, o ouvir, acolher e respeitar o outro. Esse processo é importante para a vida toda, independe de idade.”


Tempo para o conhecimento

No mundo atual, como podemos auxiliar os alunos a descobrirem sua vocação profissional? Eis um grande desafio inerente a alguns profissionais, principalmente aqueles que são ligados à área da educação. Jonice Martini, coordenadora pedagógica do Colégio Adventista de Bauru - Associação Paulista Oeste (APO) -, acredita que a difícil tarefa deve ser abraçada pela classe.

“A orientação vocacional não uma função exclusiva do psicólogo. Nós, educadores, não só podemos como devemos participar da escolha profissional de nossos alunos, pois temos possibilidades muito mais amplas do que as que são impostas pelo mundo”, diz. “Caso não consigamos mostrar para nossos alunos o que eles podem fazer com a vida deles, então, precisamos repensar nossa postura e até mesmo nossa profissão”, complementa.

Para ela, a dúvida não pertence apenas aos mais jovens. “Até conosco, adultos e já formados, há o questionamento da ordem: ‘O que eu faço com a minha vida?’ É certo que a ideologia capitalista neoliberal usa disso para manipular e colocar entraves para a realização profissional”, indica.

Como ponto de partida, é necessário nos conhecer efetivamente e, a partir daí, fazer algo que nos realize. Para isso, precisamos de tempo para nós. “Se eu não me conhecer, não serei capaz de me realizar como pessoa e, consequentemente, com meu futuro profissional. Não basta se conhecer, é preciso também se aceitar e gostar de si mesmo”, conta Jonice.

A lógica é: se não me aceito, em primeiro lugar, não aceito os outros; se não gosto de mim, não gosto do outro. É uma via de mão dupla. “A orientação vocacional passa por nós apenas quando entendemos a realidade da nossa vida. Assim, podemos levar o aluno a refletir sobre suas características, personalidade, potencialidades, aprendendo a escolher e a abordar situações conflitivas. A orientação vocacional é que vai auxiliar o jovem a adaptar-se melhor à vida, e elaborar seu projeto de vida.

Tadeu Inácio
Matéria publicada na edição 41 da Revista Mais Destaque