terça-feira, 22 de março de 2011

Estresse, um "amigo" íntimo



Um dos maiores problemas enfrentados na primeira década do século 21 cresce a cada dia e atinge milhões de pessoas. A dura rotina contribui para o crescimento no número dos casos. No Brasil, as mulheres lideram as estatísticas


Família, casa, relacionamento, trabalho, problemas pessoais e emocionais, insegurança trânsito, contas a pagar, obrigações diárias... Ufa! Todos estes itens estão presentes na rotina de cada um de nós, e tornam-se cada vez mais evidentes em função do ritmo acelerado que vivemos. No entanto, as particularidades de cada ser, envolvido em suas reações e emoções, fazem com que a absorção dos impactos gerados oscile entre o completo bem-estar e a preocupação plena, o desgaste, popularmente conhecido como estresse. Ele não deve ser encarado como uma doença, mas, sim, uma reação do organismo a uma ou mais sobrecargas.

Algumas mudanças em nossas vidas têm o potencial de causar estresse, tanto as boas quanto as más. Então, a situação ocorre de forma gradativa e variada, dependendo da intensidade do acontecimento, que pode ir desde a morte do cônjuge - o índice máximo na escala definido pelos especialistas - até pequenas infrações de trânsito ou mesmo a saída para as sonhadas férias. De modo agudo ou crônico, certos eventos em nossas vidas são capazes de gerar estresse, que caracterizam a situação de trauma (lesão ou dano) psíquico.

Atualmente, a incidência do estresse no Brasil atingiu números relevantes: 32% da população adulta sofrem com esse problema. As mulheres correspondem à maior parcela atingida. Talvez, as mudanças no papel e deveres assumidos da mulher do século 21 seja o grande fator para que isso ocorra. A multiplicidade de papéis, aliando as responsabilidades profissionais com as responsabilidades de cuidar da casa e dos filhos é um dos principais motivos que fazem as mulheres liderarem tais estatísticas.

Outro fator a ser analisado é a globalização e o avanço de novas tecnologias. Elas são apontadas pelos especialistas como o grande motivo existente em prol deste problema, pois exigem adaptações constantes, e todo processo de adaptação tem o poder imediato de desencadear o processo estressante. “O Brasil, como todo país em desenvolvimento, está no centro de um processo de mudanças intensas, incluindo mudanças de valores, princípios, hábitos, tecnologia, pensar e fazer. Assim, o estresse vai se tornando cada vez mais frequente”, afirma Marilda Lipp, doutora e fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS) - primeira entidade na América Latina destinada a pesquisar este problema.

Vivemos o milênio das mudanças, da reorganização mundial, do entrosamento e globalização de valores e da transferência de tecnologia. Os problemas relacionados ao estresse são grandes, mas temos a capacidade de aprender estratégias para enfrentá-los. “Mais do que nunca, é preciso - e possível - desenvolver mecanismos de adaptação que garantam não só a sobrevivência, mas também uma vida de melhor qualidade para todos nós”, completa Lipp.

Autoridades gabaritadas na área da saúde analisam o estresse como resultado de uma reação que o nosso organismo tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis. Deste modo, nestas circunstâncias, a primeira coisa que ocorre em nosso corpo é uma considerável descarga de adrenalina. Os órgãos sentem, e muito. Dentre eles, os mais afetados são os que constituem o aparelho circulatório (sangue, coração e vasos sanguíneos) e o respiratório (pulmões, faringe, laringe e traqueia).

De acordo com os médicos, no aparelho circulatório, a carga de adrenalina promove a aceleração dos batimentos cardíacos, conhecido como taquicardia, e uma diminuição do tamanho dos vasos sanguíneos periféricos. Sendo assim, o sangue circula mais rapidamente e gera uma melhor oxigenação, principalmente dos músculos e do cérebro. Por sua vez, o aparelho respiratório sofre com a dilatação dos brônquios, induzindo o aumento dos movimentos respiratórios para que haja maior captação de oxigênio. Descontrole da pressão arterial também pode ser um sintoma.



Estresse infantil

As pesquisas sempre trazem novos dados e assuntos relacionados ao tema. Há 20 anos, não se cogitava falar de estresse em crianças, por exemplo, e hoje se sabe que elas também sofrem com este mal.

Crianças que não conseguem saber claramente o que estão sentindo acabam se passando por malcriadas ou birrentas, quando na verdade estão sofrendo a ação do estresse excessivo. É importante que os pais ou as pessoas responsáveis estejam atentos a isso.

O problema pode ser dividido em três etapas:

1ª - Ação
Os estímulos estressores começam a agir. Nosso cérebro e hormônios reagem rapidamente, e percebemos os seus efeitos. Geralmente, não notamos o trabalho silencioso do estresse crônico nesta fase.

2ª - Resistência
Aparecem as primeiras consequências mentais, emocionais e físicas do estresse. Perda de concentração mental, depressão, palpitações cardíacas, insônia, baixa de resistência, dores musculares ou dores de cabeça frequentes são os sinais evidentes. Mas muitas pessoas ainda não conseguem relacioná-los ao estresse.

3ª - Exaustão
Esta é a fase em que o organismo capitula aos efeitos do estresse, levando à instalação de doenças físicas ou psíquicas.

É possível combatê-lo

Com o tempo e a experiência adquirida aprendemos a controlar e conviver com os problemas encontrados durante a vida e que nos causam ansiedade. Porém, cada pessoa tem um limite de problemas que consegue administrar, isso é individual. Não precisamos nos livrar de todos os problemas para melhorar. É fundamental encontrar a quantidade certa para que possamos administrá-los de maneira calma, sem estressar.
Não pense que existe uma solução mágica para combater o estresse. Não, absolutamente. O combate a esse problema exige algumas medidas. Quaisquer que sejam as dicas orientadas, o reconhecimento do problema é o primeiro passo para a cura. Programe o que fazer, o importante é tentar e mudar, independente do tempo e da idade.

Priorize a sua saúde:

- Apegue-se a Deus. Ore;
- Faça exercícios físicos ou pratique esportes regularmente. As atividades são capazes de aliviar as tensões causadas;
- Arrume um hobby ou um passatempo. Isto ajuda a desviar a sua atenção e revigora seu corpo e mente;
- Controle sua dieta. Uma alimentação completa e regrada faz a diferença na sua vida e o deixará mais perto do almejado bem-estar;
- Procure conversar mais, melhore o seu relacionamento. Esta atitude não vai curá-lo, mas ajuda a aliviar as tensões do dia a dia.
- Procure sair de férias, se for possível, e deixe de se preocupar tanto.

Aproveite as férias e “desestresse-se”!

Não leve o estresse para suas férias. Muitos viajam, mas poucos sabem relaxar. Descubra porque isso ocorre e veja como driblar os problemas relacionados às tensões.
Período de férias, alta temporada. As pessoas buscam dias de descanso, sem as apertadas gravatas e os saltos nos sapatos, no caso das mulheres. Repor as energias perdidas na incessante rotina. Ficar de “pernas pro ar” é o sonho da maioria. Desfrutar momentos de paz e sossego com a companhia dos familiares e amigos.
Exercícios físicos; alimentação adequada; desenvolvimento da espiritualidade; psicoterapia; mantenha as expectativas sob controle; esteja pronto para os imprevistos.

E quando essas sensações passam? Como reage o nosso organismo? Quando o perigo vai embora nosso organismo para com a super produção de adrenalina e tudo volta ao normal. Todavia, o mundo de hoje e todas as situações a que somos submetidos não são tão simples assim. Os problemas sempre estão “por perto”, logo ali. É necessário saber lidar com estas situações para que a saúde não seja debilitada. Seja maior que seus problemas, supere seus desafios.

Tadeu Inácio

Texto publicado na edição 36 da Revista Mais Destaque