sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vigorexia: a dependência do exercício



Todo o cenário apresentado no post anterior pode desencadear em um transtorno cada vez mais conhecido: a vigorexia. Também conhecida pelo termo inglês Overtraining, ela é caracterizada quando existe uma excessiva preocupação em ficar forte. O problema faz com que as pessoas realizem práticas esportivas com um alto teor de fanatismo, sem se importarem com eventuais consequências e sem perceber que isso ocasiona o efeito contrário ao que o exercício se propõe: uma saúde equilibrada.

A estética é alçada a um posto maior do que ela realmente deve representar. Alguns conceitos atuais da sociedade podem ter relação direta com todo esse cenário. De acordo com o professor de Educação Física, Nilton Campos, “as pessoas acabam viciando no treinamento na busca de uma estética melhor. Elas não visam os intuitos iniciais da atividade, que são a saúde, a disposição, o bem-estar e a qualidade de vida."

Uma das mais recentes patologias emocionais estimuladas pela cultura, a vigorexia é mais comum entre os homens entre 18 e 35 anos. O transtorno os leva a passarem horas na academia. Geralmente musculosos, seus portadores se consideram fracos e magros.



Silenciosa e gradativa, a dependência dos exercícios é perigosa. Para a psiquiatra Kátia Daré, “a vigorexia está nascendo no seio de uma sociedade consumista, competitiva, em que o culto à imagem acaba adquirindo a categoria de religião”. Como geralmente a necessidade emocional não é sanada pelo corpo, “o emocional se sobrecarrega exigindo maior demanda para o corpo e o ciclo se torna interminável”, afirma.

Atualmente, a síndrome é cada vez mais presente nas academias. Pesquisas recentes apontam que a média de tempo passada na academia pelos praticantes é de 11 horas semanais, quando se recomenda no máximo cinco horas de exercícios. Os números revelam que os intervalos de descanso entre as sessões de treinamento são insuficientes para uma recuperação das fontes energéticas musculares. Deste modo, inflamações e perda de força muscular tornam-se mais constantes. Contudo, exercite-se de modo consciente: procure um médico e profissionais capacitados.


Sintomas:

- Perda de massa muscular;

- Dores (e possíveis lesões) nas juntas;

- Fadiga crônica (cansaço);

- Enfraquecimento do sistema imunológico (gripes e resfriados frequentes);

- Insônia;

- Falta de apetite;

- Desânimo para treinar.


Como evitar?

- Evite treinar o mesmo grupo muscular mais de duas vezes por semana;

- Não treine mais que uma hora por dia;

- Durma pelo menos 8 horas por dia;

- Não faça mais do que 3 exercícios para qualquer tipo de grupo muscular;

- Uma dieta equilibrada tem um papel importante na sua rotina. Alimente-se adequadamente.

Crescimento no setor

Dados do último relatório mundial sobre o tema, divulgado neste ano pela International Health Racquet and Sportsclub Association (IHRSA), indicam um crescimento de 10,5% no número de academias no Brasil em relação ao ano passado. Isso leva o País a ocupar o segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos (14.016 unidades contra 30.022). Vale lembrar que há três anos existiam pouco mais de sete mil delas em todo o território nacional.

BRASIL

2007
Total de academias = 7.350
Total de membros = 3.675.000

2008
Total de academias = 12.682
Total de membros = 3.948.000

2009
Total de academias = 14.016
Total de membros = 4.360.000

Fonte: IHRSA Global Report (2007, 2008 e 2009)

Tadeu L. Inácio

Texto publicado na revista Mais Destaque

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